http://educacao.uol.com.br/atualidades/ciberguerra.jhtm
Internet será front de batalhas do futuro
José Renato Salatiel*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
Na ciberguerra ou ciberterrorismo os autores se beneficiam do anonimato da rede mundial
Na primeira visita oficial do presidente americano Barack Obama à China, onde se reuniu com o presidente Hu Jintao no dia 17 de novembro de 2009, pairava a sombra de uma disputa política silenciosa, travada no mundo de bits da internet. Apesar de o assunto ter sido evitado no encontro, os dois países gastam bilhões de dólares em sistemas de defesa e sofisticadas técnicas de ataque e espionagem via internet.
Direto ao ponto: Ficha-resumo
Vinte anos após a queda do Muro de Berlim e o fim da Guerra Fria, delineia-se um novo cenário de tensão geopolítica, no qual conceitos como ciberespionagem, ciberterrorismo e ciberguerra são cada vez mais usados para descrever as relações entre países antagônicos.
De acordo com o "Virtual Criminology Report 2009 - Virtually Here: The Age of Cyber Warfare" ("Relatório de Criminologia Virtual 2009 - Praticamente Aqui: A Era da Ciberguerra"), Estados Unidos, China e Rússia não somente espionam governos, instituições financeiras e empresas por meio da internet, como se preparam para uma eventual ciberguerra.
A diferença é que, enquanto na Guerra Fria a corrida armamentista deixou o mundo em alerta para os riscos de uma hecatombe nuclear, agora as armas são softwares e programas robôs que invadem sistemas eletrônicos de comunicação, defesa e infraestrutura. Com o mundo interligado por redes de computadores - responsáveis pelo controle de setores como administração, finanças e serviços -, uma pane provocada por um ciberataque poderia causar prejuízos materiais e até mortes no mundo real.
Ciberataques
Segundo o relatório da empresa McAfee, especialista em segurança digital, pelo menos três ciberataques já teriam ocorrido no mundo desde 2007. O primeiro aconteceu entre abril e maio de 2007. Hackers invadiram sites comerciais e governamentais da Estônia, país que faz fronteira com a Rússia, bloqueando o acesso dos usuários. Parlamento, ministérios e bancos ficaram incomunicáveis pela rede.
O motivo teria sido a remoção da estátua de bronze de um soldado russo, situada no centro da capital, Tallininn. Para os russos, a estátua era uma homenagem aos combatentes do nazismo, enquanto que, para os estonianos, era uma amarga lembrança da ocupação soviética. Por esta razão, o governo da Estônia responsabilizou Moscou pela invasão virtual, mas não apresentou provas.
Em agosto de 2008, outro incidente envolvendo a Rússia. Durante os conflitos separatistas ocorridos na região da Geórgia e Ossétia do Sul, sites do governo da Geórgia foram bloqueados numa ação em massa coordenada por nacionalistas russos. Mais uma vez, o Kremlin negou qualquer participação.
Finalmente, no feriado de Independência dos Estados Unidos, em 4 de julho de 2009, o bloqueio atingiu sites do governo americano e de empresas, incluindo a página da Casa Branca e da Bolsa de Valores de Nova York. Uma semana depois, a vítima foi a Coreia do Sul, aliada de Washington. Ambos os ataques teriam partido da vizinha Coreia do Norte, nação comunista alinhada à China.
Estados Unidos e China também se revezam, segundo dados da McAfee, na liderança do ranking de maior quantidade de computadores "zumbis" - máquinas que operam sob controle de remetentes de spams e malwares (softwares de invasão). Somente no primeiro trimestre deste ano, foram identificados 12 milhões de novos endereços de IPs "zumbis" no mundo, correspondendo a um aumento de mais de 50% em relação ao último trimestre do ano passado.
Ciberespionagem
Outro aspecto que lembra os tempos da Guerra Fria é a espionagem. Para analistas em segurança, a ciberespionagem na internet seria o primeiro estágio da ciberguerra. A invasão de redes de computadores - como as ocorridas na Estônia, Geórgia e Estados Unidos - permite, por exemplo, que os invasores avaliem os aparatos de defesa do inimigo, de maneira a conhecer suas fragilidades e preparar até mesmo futuros ataques reais (e não apenas virtuais).
Em 29 de março de 2009, o jornal americano The New York Times publicou uma matéria a respeito do relatório de um grupo de pesquisadores canadenses que teriam descoberto um imenso sistema eletrônico de monitoramento na China. O sistema, batizado de GhostNet (Internet Fantasma), se infiltrou, em menos de dois anos, em 1.295 computadores de 103 países, incluindo embaixadas e departamentos governamentais.
O objetivo foi roubar milhares de documentos de governos e empresas privadas. Um dos principais alvos foram computadores de centros ligados ao líder tibetano Dalai Lama, em cidades como Bruxelas, Londres e Nova York, dentre outras. A base do serviço foi identificada em território chinês, a despeito das reiteradas negações de Pequim. O Tibete luta há séculos contra a ocupação chinesa. O relatório "Tracking 'GhostNet': Investigating a Cyber Espionage Network" ("Rastreando a 'Internet Fantasma': Investigar uma Rede de Ciberespionagem") foi o primeiro no gênero a apontar a existência de tal estratégia envolvendo países asiáticos.
A infiltração acontece de duas formas mais comuns: as vítimas clicam em documentos anexados a e-mails, baixando um programa espião, ou em links, que as direcionam para sites "infectados". A China também estaria recrutando hackers em universidades.
No dia 23 de novembro, uma semana após a visita de Obama, o país criticou o relatório anual da Comissão EUA-China de Revisão Econômica e de Segurança que citava aumento de casos de ciberespionagem em solo americano.
Ciberterrorismo
A dependência das sociedades modernas de redes de computadores criou não somente uma nova forma de poder político, como também de terrorismo. Essa ameaça já foi mostrada na ficção, em seriados de TV como "24 Horas" e filmes como "Duro de Matar 4.0" (indicado abaixo).
Os Estados Unidos se preparam para um ciberataque terrorista em larga escala desde os atentados de 11 de Setembro de 2001. É improvável, porém, que grupos como a Al Qaeda tenham tecnologia avançada o bastante para burlar os sistemas de defesa americanos.
Especialistas em segurança digital também divergem sobre o conceito de ciberguerra e ciberterrorismo. Os possíveis casos são de difícil comprovação, pois os autores - sejam eles Estados ou grupos terroristas - se beneficiam do anonimato da rede.
Como diferenciá-los de crimes comuns na internet, que geram prejuízos anuais de US$ 48 bilhões, segundo estimativa de 2005? Para os autores do livro Cyber Warfare and Cyber Terrorism (Ciberguerra e Ciberterrorismo), Lech J. Janczewski e Andrew M. Colarik, é preciso investigar as intenções do ataque.
Suponhamos que um empresário morra no hospital em que está internado porque alguém invadiu o sistema eletrônico que armazena dados sobre a prescrição de medicamentos, levando a enfermeira plantonista a aplicar uma substância em relação à qual esse paciente era alérgico. De que tipo de crime estamos falando?
Caso a morte do empresário tenha sido motivada por desavenças pessoais, trata-se de um cibercrime - ou seja, um crime cometido com uso de tecnologia informacional. Se, pelo contrário, existe ameaça de mais pessoas serem mortas, caso um conjunto de exigências não seja atendido, trata-se de ciberterrorismo, ataque premeditado com fins políticos, religiosos ou ideológicos a redes de computadores e que resulta em violência contra alvos civis. E, numa última opção, se envolver agentes estrangeiros e Estados, trata-se de ciberguerra.
Terroristas usam computadores para divulgar material de propaganda, recrutar voluntários, treinar soldados ou militantes, manter comunicação, recolher informações sobre alvos e preparar explosões. No entanto, não existe nenhum registro confirmado de ciberataque cometido por extremistas, a despeito de surtos terem ocorrido após atentados físicos na Ásia e Oriente Médio.
Apagão
O maior risco de ciberataque envolve a manipulação de sistemas chamados SCADA (Supervisory Control and Data Aquisition; em português, Sistemas de Supervisão e Aquisição de Dados), que controlam serviços essenciais, como, por exemplo, o tráfego aéreo e a energia elétrica.
No Brasil, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) confirmou que, dois dias depois do apagão que atingiu 18 Estados e afetou 70 milhões de pessoas em 11 de novembro de 2009, a rede corporativa foi invadida por hackers. O ONS controla o sistema interligado de produção e distribuição de energia elétrica.
O órgão garantiu que o sistema operacional não foi afetado, e a hipótese do blecaute ter sido provocado por um ciberataque foi descartada. Os Estados Unidos levantaram suspeitas de que invasões de computadores teriam causado blecautes em anos anteriores no Brasil.
Na Guerra Fria, conflitos nacionalistas, ataques terroristas, paranoias sobre o fim do mundo e técnicas de espionagem moldaram o século 20, envolvendo praticamente todos os países. A era da ciberguerra parece estar indo além de ameaças políticas no ciberespaço. De algum modo, questões de segurança na rede definem cada vez mais os rumos das sociedades contemporâneas.
terça-feira, 27 de abril de 2010
Inclusão Digital.
Internet no Brasil
Desigualdades sociais dificultam inclusão digital
José Renato Salatiel*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
Relatório do IBGE sobre acesso à Internet no Brasil
Pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada no dia 11 de dezembro de 2009, aponta que o número de brasileiros que acessam a internet aumentou 75,3% nos últimos três anos, mas que as desigualdades sociais ainda são obstáculo à inclusão digital no país.
Direto ao ponto: Ficha-resumo
Segundo essa pesquisa, 56,4 milhões de pessoas com idade de 10 anos ou mais acessaram a internet pelo menos uma vez em 2008. Em 2005, eram 31,9 milhões. Os avanços são positivos, pois o acesso a tecnologias é um importante fator de desenvolvimento. Porém, a pesquisa também mostra que pobreza e falta de escolaridade são entraves à democratização do acesso à internet.
A média de internautas brasileiros é superior à da América Latina (30,5%), mas inferior à encontrada em outros países, como Argentina (48,9%), Chile (50,4%), Colômbia (45,3%) e Uruguai (38,3%). Na Europa, a média de acesso é de 52%; e na América do Norte, de 74,2%, de acordo com o ranking da Internet World Stats. A média mundial é de 25,6%.
Estudantes
De acordo com a pesquisa do IBGE, o acesso à rede mundial de computadores cresce conforme aumenta o grau de escolaridade e de renda. No Brasil, entre as pessoas com 15 anos ou mais de estudo, 80,4% usavam a internet. Esse número decresce à medida que o tempo de estudo diminui, chegando a 7,2% entre aqueles com menos de quatro anos de instrução.
Em relação especificamente aos estudantes brasileiros, apesar do aumento registrado na pesquisa - de 35,7% em 2005, para 60,7% em 2008 -, 40% deles ainda não têm acesso à rede.
O mesmo acontece quando se leva em conta a renda por domicílio. A percentagem de usuários da internet entre o grupo cujo orçamento doméstico está na faixa dos cinco salários mínimos (R$ 2.325) é de 75,6% - contra 13% entre os internautas com rendimentos até um quarto do salário mínimo (R$ 116,25).
Jovens com idade entre 15 e 17 anos correspondem ao maior percentual de internautas (62,9%), e também representam o maior aumento em relação a 2005 (33,7%). Entre o grupo de 50 anos ou mais, somente 11,2% navegam na web.
A pesquisa reflete também as desigualdades entre as regiões do país. As regiões Sudeste (40,3%), Centro-Oeste (39,4%) e Sul (38,7%) apresentaram os maiores percentuais, enquanto o Norte (27,5%) e o Nordeste (25,1%), os menores. O Distrito Federal possui o maior índice de acesso, 56,1%, seguido por São Paulo (43,9%). Alagoas é o estado com menor percentual: 17,8%.
Lan houses
Uma importante constatação do levantamento, em relação ao anterior, feito em 2005, diz respeito às lan houses. Pela primeira vez, elas aparecem como o segundo lugar de onde mais se acessa a internet (35,2%), perdendo para o acesso doméstico (57,1%). Em 2005, o segundo lugar era ocupado pelo local de trabalho, que ficou em terceiro lugar em 2008 (31%). Contudo, nas regiões Norte e Nordeste, as lan houses já lideram o ranking de locais de acesso, com, respectivamente, 56,3% e 52,9%.
O estudo aponta que as lan houses - hoje, cerca de 100 mil em todo país - promovem a inclusão digital nas comunidades mais carentes, desempenhando uma função que, teoricamente, caberia aos governos. Em recente artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo (indicado abaixo), o jornalista Gilberto Dimenstein afirma que, a partir dessa constatação, as lan houses poderiam oferecer mais do que o simples acesso à web. "Um pequeno investimento poderia transformar esses locais em centros culturais e tecnológicos, com um custo muitíssimo menor do que colocar banda larga em cada casa", diz o articulista.
Outro dado que mudou nos últimos três anos foi a finalidade do acesso à internet. Em 2008, 83,2% das pessoas ouvidas pela pesquisa disseram que usam a rede para se comunicar com outras pessoas, o que pode demonstrar o avanço das redes sociais - Orkut, Facebook, Twitter etc. - e dos comunicadores instantâneos, como MSN e Skype. Em 2005, essa era a terceira maior finalidade declarada.
Educação e aprendizado, o principal motivo em 2005, caiu de 71,7% para 65,9% na pesquisa de 2008, passando a ocupar a terceira classificação. Em segundo lugar apareceu a opção do lazer (68,6%).
Banda larga
Já a conexão por banda larga praticamente dobrou em cinco anos, passando a primeiro lugar em forma de acesso. Em 2008, 80,3% das pessoas que acessaram a internet em casa o fizeram somente por banda larga, seguido por conexão discada (18%) e das duas formas (1,7%). Em 2005, a banda larga era a conexão de 41,2% das pessoas com acesso domiciliar.
A pesquisa do IBGE, no entanto, não diz nada sobre a qualidade dos serviços de banda larga prestados no país, que estão entre os mais lentos e caros do mundo. De acordo com um estudo da consultoria IDC, realizado a pedido da empresa Cisco, a maioria das conexões do país tem menos de 1 megabit por segundo (Mbps) de velocidade. Esse patamar sequer é considerado banda larga pela União Internacional de Telecomunicações (UIT). Em relação ao preço, o Brasil apresenta os mais altos valores cobrados, quando comparados a oito países. Na França, por exemplo, paga-se US$ 0,32 por 1 Mbps, enquanto o brasileiro gasta até US$ 22,27.
Falta de competição no mercado das empresas de telefonia, que oferecem o serviço, e impostos caros são as causas apontadas pelos especialistas para o alto custo e a baixa qualidade da banda larga no Brasil.
Mas qual a finalidade de se conhecer os hábitos do brasileiro em relação ao ciberespaço? Pesquisas desse tipo são importantes não apenas para que as empresas possam oferecer serviços e produtos melhores, mas também para que os governos saibam como devem orientar as políticas públicas de inclusão digital.
Desigualdades sociais dificultam inclusão digital
José Renato Salatiel*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
Relatório do IBGE sobre acesso à Internet no Brasil
Pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada no dia 11 de dezembro de 2009, aponta que o número de brasileiros que acessam a internet aumentou 75,3% nos últimos três anos, mas que as desigualdades sociais ainda são obstáculo à inclusão digital no país.
Direto ao ponto: Ficha-resumo
Segundo essa pesquisa, 56,4 milhões de pessoas com idade de 10 anos ou mais acessaram a internet pelo menos uma vez em 2008. Em 2005, eram 31,9 milhões. Os avanços são positivos, pois o acesso a tecnologias é um importante fator de desenvolvimento. Porém, a pesquisa também mostra que pobreza e falta de escolaridade são entraves à democratização do acesso à internet.
A média de internautas brasileiros é superior à da América Latina (30,5%), mas inferior à encontrada em outros países, como Argentina (48,9%), Chile (50,4%), Colômbia (45,3%) e Uruguai (38,3%). Na Europa, a média de acesso é de 52%; e na América do Norte, de 74,2%, de acordo com o ranking da Internet World Stats. A média mundial é de 25,6%.
Estudantes
De acordo com a pesquisa do IBGE, o acesso à rede mundial de computadores cresce conforme aumenta o grau de escolaridade e de renda. No Brasil, entre as pessoas com 15 anos ou mais de estudo, 80,4% usavam a internet. Esse número decresce à medida que o tempo de estudo diminui, chegando a 7,2% entre aqueles com menos de quatro anos de instrução.
Em relação especificamente aos estudantes brasileiros, apesar do aumento registrado na pesquisa - de 35,7% em 2005, para 60,7% em 2008 -, 40% deles ainda não têm acesso à rede.
O mesmo acontece quando se leva em conta a renda por domicílio. A percentagem de usuários da internet entre o grupo cujo orçamento doméstico está na faixa dos cinco salários mínimos (R$ 2.325) é de 75,6% - contra 13% entre os internautas com rendimentos até um quarto do salário mínimo (R$ 116,25).
Jovens com idade entre 15 e 17 anos correspondem ao maior percentual de internautas (62,9%), e também representam o maior aumento em relação a 2005 (33,7%). Entre o grupo de 50 anos ou mais, somente 11,2% navegam na web.
A pesquisa reflete também as desigualdades entre as regiões do país. As regiões Sudeste (40,3%), Centro-Oeste (39,4%) e Sul (38,7%) apresentaram os maiores percentuais, enquanto o Norte (27,5%) e o Nordeste (25,1%), os menores. O Distrito Federal possui o maior índice de acesso, 56,1%, seguido por São Paulo (43,9%). Alagoas é o estado com menor percentual: 17,8%.
Lan houses
Uma importante constatação do levantamento, em relação ao anterior, feito em 2005, diz respeito às lan houses. Pela primeira vez, elas aparecem como o segundo lugar de onde mais se acessa a internet (35,2%), perdendo para o acesso doméstico (57,1%). Em 2005, o segundo lugar era ocupado pelo local de trabalho, que ficou em terceiro lugar em 2008 (31%). Contudo, nas regiões Norte e Nordeste, as lan houses já lideram o ranking de locais de acesso, com, respectivamente, 56,3% e 52,9%.
O estudo aponta que as lan houses - hoje, cerca de 100 mil em todo país - promovem a inclusão digital nas comunidades mais carentes, desempenhando uma função que, teoricamente, caberia aos governos. Em recente artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo (indicado abaixo), o jornalista Gilberto Dimenstein afirma que, a partir dessa constatação, as lan houses poderiam oferecer mais do que o simples acesso à web. "Um pequeno investimento poderia transformar esses locais em centros culturais e tecnológicos, com um custo muitíssimo menor do que colocar banda larga em cada casa", diz o articulista.
Outro dado que mudou nos últimos três anos foi a finalidade do acesso à internet. Em 2008, 83,2% das pessoas ouvidas pela pesquisa disseram que usam a rede para se comunicar com outras pessoas, o que pode demonstrar o avanço das redes sociais - Orkut, Facebook, Twitter etc. - e dos comunicadores instantâneos, como MSN e Skype. Em 2005, essa era a terceira maior finalidade declarada.
Educação e aprendizado, o principal motivo em 2005, caiu de 71,7% para 65,9% na pesquisa de 2008, passando a ocupar a terceira classificação. Em segundo lugar apareceu a opção do lazer (68,6%).
Banda larga
Já a conexão por banda larga praticamente dobrou em cinco anos, passando a primeiro lugar em forma de acesso. Em 2008, 80,3% das pessoas que acessaram a internet em casa o fizeram somente por banda larga, seguido por conexão discada (18%) e das duas formas (1,7%). Em 2005, a banda larga era a conexão de 41,2% das pessoas com acesso domiciliar.
A pesquisa do IBGE, no entanto, não diz nada sobre a qualidade dos serviços de banda larga prestados no país, que estão entre os mais lentos e caros do mundo. De acordo com um estudo da consultoria IDC, realizado a pedido da empresa Cisco, a maioria das conexões do país tem menos de 1 megabit por segundo (Mbps) de velocidade. Esse patamar sequer é considerado banda larga pela União Internacional de Telecomunicações (UIT). Em relação ao preço, o Brasil apresenta os mais altos valores cobrados, quando comparados a oito países. Na França, por exemplo, paga-se US$ 0,32 por 1 Mbps, enquanto o brasileiro gasta até US$ 22,27.
Falta de competição no mercado das empresas de telefonia, que oferecem o serviço, e impostos caros são as causas apontadas pelos especialistas para o alto custo e a baixa qualidade da banda larga no Brasil.
Mas qual a finalidade de se conhecer os hábitos do brasileiro em relação ao ciberespaço? Pesquisas desse tipo são importantes não apenas para que as empresas possam oferecer serviços e produtos melhores, mas também para que os governos saibam como devem orientar as políticas públicas de inclusão digital.
Pegadinhas de Português
Custou para mim ou para eu acreditar?
Custou para eu acreditar nela.
Apesar de o Word corrigir a frase "Custou para mim acreditar nela" para "Custou para eu acreditar nela", o uso de mim está adequado ao padrão culto da língua. O pronome eu exerce a função sintática de sujeito. Para se descobrir qual o sujeito de um verbo, basta ao aluno perguntar a ele: "Que(m) é que .......?" Por exemplo:
Eu fiz o trabalho ontem.
Pergunta: Quem é que fez o trabalho ontem?
Resposta: eu = sujeito do verbo fazer.
Façamos o mesmo exemplo com a frase apresentada:
Basta para mim ter Teté ao meu lado.
Há dois verbos: bastar e ter. Analisemos o verbo bastar:
Pergunta: Que é que basta?
Resposta: ter Teté ao meu lado = sujeito do verbo bastar.
Observe que o sujeito do verbo bastar é uma oração, pois onde houver verbo haverá uma oração. O sujeito representado por uma oração se chama oração subordinada substantiva subjetiva (OSSS).
Num período, há a chamada ordem direta, que é a colocação do sujeito no início da oração, com o verbo logo após ele. Se a frase apresentada for escrita em ordem direta, ou seja, se a oração subordinada substantiva subjetiva iniciar o período, haverá a seguinte frase: "Ter Teté ao meu lado basta para mim". Percebeu como o adequado é usar mim mesmo?
Para mim basta ter Teté ao meu lado.
Ter Teté ao meu lado basta para mim.
Para mim, ter Teté ao meu lado basta. [a vírgula é optativa]
Basta para mim ter Teté ao meu lado.
Sempre que houver bastar, custar, faltar ou restar e, no mesmo período, houver outro verbo no infinitivo, este não poderá ser flexionado, ou seja, sempre ficará invariável. Veja alguns exemplos:
Basta para os alunos estudar todos os dias.
Basta para eles estudar todos os dias.
Basta para nós estudar todos os dias.
Isso ocorre porque os alunos, eles e nós não exercem a função de sujeito de estudar, e sim a de complemento do verbo bastar (objeto indireto).
A frase apresentada, portanto, deve ser assim corrigida:
Custou para mim acreditar nela.
Custou para eu acreditar nela.
Apesar de o Word corrigir a frase "Custou para mim acreditar nela" para "Custou para eu acreditar nela", o uso de mim está adequado ao padrão culto da língua. O pronome eu exerce a função sintática de sujeito. Para se descobrir qual o sujeito de um verbo, basta ao aluno perguntar a ele: "Que(m) é que .......?" Por exemplo:
Eu fiz o trabalho ontem.
Pergunta: Quem é que fez o trabalho ontem?
Resposta: eu = sujeito do verbo fazer.
Façamos o mesmo exemplo com a frase apresentada:
Basta para mim ter Teté ao meu lado.
Há dois verbos: bastar e ter. Analisemos o verbo bastar:
Pergunta: Que é que basta?
Resposta: ter Teté ao meu lado = sujeito do verbo bastar.
Observe que o sujeito do verbo bastar é uma oração, pois onde houver verbo haverá uma oração. O sujeito representado por uma oração se chama oração subordinada substantiva subjetiva (OSSS).
Num período, há a chamada ordem direta, que é a colocação do sujeito no início da oração, com o verbo logo após ele. Se a frase apresentada for escrita em ordem direta, ou seja, se a oração subordinada substantiva subjetiva iniciar o período, haverá a seguinte frase: "Ter Teté ao meu lado basta para mim". Percebeu como o adequado é usar mim mesmo?
Para mim basta ter Teté ao meu lado.
Ter Teté ao meu lado basta para mim.
Para mim, ter Teté ao meu lado basta. [a vírgula é optativa]
Basta para mim ter Teté ao meu lado.
Sempre que houver bastar, custar, faltar ou restar e, no mesmo período, houver outro verbo no infinitivo, este não poderá ser flexionado, ou seja, sempre ficará invariável. Veja alguns exemplos:
Basta para os alunos estudar todos os dias.
Basta para eles estudar todos os dias.
Basta para nós estudar todos os dias.
Isso ocorre porque os alunos, eles e nós não exercem a função de sujeito de estudar, e sim a de complemento do verbo bastar (objeto indireto).
A frase apresentada, portanto, deve ser assim corrigida:
Custou para mim acreditar nela.
Pegadinhas de Português.
"Convidam a família e os amigos a participarem da cerimônia..."
Joseleide e Anacleto convidam a família e os amigos a participarem da cerimônia de casamento de sua filha.
É assim mesmo que se escreve em um convite de casamento?
O verbo convidar, no sentido de solicitar a presença de alguém, chamar, convocar exige a preposição para, e não a prep. a.
A preposição a será exigida pelo verbo convidar nos seguintes significados:
Pedir, requerer, demandar, ordenar cortesmente. Por exemplo:
Convidou-o a se retirar.
Despertar a vontade, atrair, induzir, predispor. Por exemplo:
O silêncio convidava-o à meditação.
Incitar, impelir, provocar. Por exemplo:
A injustiça convida à revolta.
Quanto ao verbo participar, o mais adequado é deixá-lo no plural, como está na frase apresentada.
A frase apresentada, então, deve ser assim estruturada:
Joseleide e Anacleto convidam a família e os amigos para participarem da cerimônia de casamento de sua filha.
Joseleide e Anacleto convidam a família e os amigos a participarem da cerimônia de casamento de sua filha.
É assim mesmo que se escreve em um convite de casamento?
O verbo convidar, no sentido de solicitar a presença de alguém, chamar, convocar exige a preposição para, e não a prep. a.
A preposição a será exigida pelo verbo convidar nos seguintes significados:
Pedir, requerer, demandar, ordenar cortesmente. Por exemplo:
Convidou-o a se retirar.
Despertar a vontade, atrair, induzir, predispor. Por exemplo:
O silêncio convidava-o à meditação.
Incitar, impelir, provocar. Por exemplo:
A injustiça convida à revolta.
Quanto ao verbo participar, o mais adequado é deixá-lo no plural, como está na frase apresentada.
A frase apresentada, então, deve ser assim estruturada:
Joseleide e Anacleto convidam a família e os amigos para participarem da cerimônia de casamento de sua filha.
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