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No meu blog segue algumas dicas de Português e algumas atualizações sobre a inclusão digital. Postagens feita no intuito de ajudar a esclarecer algumas dúvidas dos meus seguidores.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Maravilhas da enunciação.

Passagem de Alice no País das Maravilhas ilumina estudos da linguagem

José Luiz Fiorin

Alice conversa com a rainha, em ilustração de Helen Oxenbury para a edição do livro de Lewis Carroll publicada no Brasil pela editora Salamandra
O livro Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll, trata de questões muito interessantes para a teoria da linguagem. Uma delas é o sentido de palavras, como "hoje", "ontem", "amanhã":

- Veja, agora a senhora está bem melhor! Mas, francamente, acho que a senhora devia ter uma dama de companhia!
- Aceito-a com todo prazer! - disse a Rainha. - Dois pence por semana e doce todos os outros dias.
Alice não pôde deixar de rir, enquanto respondia:
- Não estou me candidatando... e não gosto tanto assim de doces.
- É doce de muito boa qualidade - afirmou a Rainha.
- Bom, hoje, pelo menos, não estou querendo.
- Hoje você não poderia ter, nem pelo menos nem pelo mais - disse a Rainha. - A regra é: doce amanhã e doce ontem - e nunca doce hoje.
- Algumas vezes tem de ser "doce hoje" - objetou Alice.
- Não, não pode - disse a Rainha. Tem de ser sempre doce todos os outros dias; ora, o dia de hoje não é outro dia qualquer, como você sabe.

Ferdinand de Saussure, considerado o fundador da linguística moderna, explica, em seu Curso de Linguística Geral, que a linguagem é um objeto heterogêneo e multiforme, porque ela é, ao mesmo tempo, social e individual; física, fisiológica e psíquica. Ele distingue dois aspectos na linguagem: a língua e a fala. A primeira é um produto social depositado na mente de todos os falantes, composto de um sistema de oposições fônicas e semânticas (que produz os sons e os sentidos) e de regras combinatórias desses elementos. A fala é o ato individual de realização da língua. Saussure não explica como se passa de uma a outra. É o que vai fazer outro linguista francês, Emile Benveniste, que mostra que a passagem da língua à fala se dá por meio de uma instância que ele denomina enunciação, que é o ato de dizer, ou seja, "colocação em funcionamento da língua por um ato individual de utilização". Isso significa que ela é uma instância de mediação entre a virtualidade da língua e a realização da fala. Se a enunciação é o dizer, o enunciado é o dito.

Eu, aqui e agora
Na verdade, como se coloca a língua em funcionamento? Alguém assume a palavra e dirige-se a outra pessoa e, ao fazer isso, instaura-se como um eu e erige a pessoa a quem se endereça como "tu" (que, na maior parte do Brasil, é realizado como "você"). Esse ato de dizer realiza-se num tempo (agora) e num espaço (aqui). Por isso, a enunciação é a instância, denominada por Benveniste, do ego, hic et nunc, ou seja, do eu, do aqui e do agora. A partir dessa instância do falante, do seu espaço e do seu tempo, criam-se todas as distinções de pessoa, espaço e tempo na língua. O linguista francês nomeia as categorias da enunciação com palavras latinas, para indicar que elas existem em todas as línguas, em todas as linguagens (por exemplo, as visuais).

Benveniste vai chamar aparelho formal da enunciação as categorias de pessoa, de espaço e de tempo, que são centrais no exercício da língua. Os elementos dessas categorias foram denominados embreadores, termo tirado da mecânica. Embreagem é um mecanismo que permite unir um motor em rotação ao sistema de rodas que não estão girando. Palavras como "eu", "tu", "aqui", "aí", "ali", "agora", "então" são chamados embreadores, embreantes ou dêiticos, porque só ganham referência quando se conecta a língua à situação de comunicação. Se lermos, num quadro de recados, o seguinte texto: "Estive procurando-o hoje. Esteja lá amanhã sem falta", não saberemos quem é que esteve procurando, quem ele esteve buscando, quando esteve fazendo isso, quando e onde a pessoa procurada deve estar sem falta. Isso, porque alguém deve ter apagado os elementos da situação de comunicação que permitiriam ancorar os dêiticos: nome do destinatário do recado, local e data em que a mensagem foi escrita, nome do destinador. Esses dados são obrigatórios, por exemplo, numa carta, exatamente para que possamos saber os referentes dos dêiticos que aparecem no texto.

Instância linguística
No texto acima, Alice compreende bem que os dêiticos não têm uma referência fixa, como quer a Rainha: "hoje" é o dia da enunciação; "hoje" foi "amanhã" numa enunciação feita no dia anterior e será "ontem", numa enunciação no dia posterior. Como se observa, o aparelho formal da enunciação reúne língua e fala, o que significa que o exercício da língua ganha outra dimensão. Pela enunciação, o falante não só diz, mas diz-se, cria uma imagem de si mesmo: ao enunciar-se, o enunciador se enuncia. Com isso, Benveniste cria um novo objeto para a Linguística, o discurso (não se trata da fala saussuriana, domínio da liberdade e da criação). Pela enunciação, a língua converte-se em discurso. A fala é, então, apenas a exteriorização psicofísico-fisiológica do discurso.

Marcas
A enunciação deixa no enunciado seus traços e suas marcas: numa narrativa, em primeira pessoa, por exemplo, o enunciador enuncia-se no enunciado, enquanto na chamada narração em terceira pessoa ele não se deixa ver no enunciado.

A enunciação é, pois, uma instância linguística pressuposta pela existência do enunciado. Com efeito, se há um enunciado, há uma enunciação pressuposta; se há um dito é porque alguém o disse. Antes que se afirme que isso é um truísmo, é preciso atentar para a consequência teórica dessa asseveração: o eu/tu, o aqui e agora projetados no enunciado devem distinguir-se do eu/tu, do aqui e do agora pressupostos por ele. Quando se diz "Eu digo que depois da tempestade vem a bonança", há um "eu digo" pressuposto: "(Eu digo) Eu digo que depois da tempestade vem a bonança". Isso significa que esses dois "eu" não se confundem: o "eu" pressuposto é o enunciador; o eu projetado no interior do enunciado é o narrador.

José Luiz Fiorin é professor do Departamento de Linguística da USP e autor do livro As astúcias da enunciação, da Editora Ática.


Fonte:http://revistalingua.uol.com.br/textos.asp?codigo=12024

Especialização em ensino-aprendizagem de inglês.

19/03/2010
Especialização em ensino-aprendizagem de inglês
Oferecido pela Cultura Inglesa e pela PUC-SP, o curso é gratuito e destinado a professores de ensino fundamental e médio de SP


Em parceria com a PUC-SP, a Cultura Inglesa oferece, a partir deste ano, o curso de especialização lato sensu em "Práticas reflexivas e ensino-aprendizagem de inglês na escola pública". Gratuita, a capacitação é exclusiva para educadores dos ensino fundamental e médio das redes municipal e estadual de São Paulo. Para as turmas do segundo semestre, as inscrições serão abertas em junho.

Na primeira etapa do programa, os participantes aprimoram o idioma e desenvolvem fluência em um período de até 396 horas de aulas na Cultura Inglesa (o que equivale a três anos). O curso é realizado nas unidades de Saúde, Santana e Tatuapé, em São Paulo, e em Guarulhos. Na segunda fase, os docentes desenvolvem uma reflexão crítica e um aperfeiçoamento das práticas pedagógicas na sede da PUC-SP. As 420 horas de aulas (aproximadamente dois anos) dão direito ao diploma de especialização. Caso o professor já tenha nível desejável, podem ingressar diretamente no curso lato sensu. Mais informações pelo site www.culturainglesasp.com.br/formacaoredepublica.


http://www.culturainglesasp.com.br/formacaoredepublica

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Expressões Idiomáticas

FontE: www.brasilescola.com/portugues/expressoes-idiomaticas

Expressões idiomáticas ou idiomatismo são expressões que caracterizam por não identificar seu significado através de suas palavras individuais ou no sentido literal. Não é possível traduzi-las em outra língua e se originam de gírias e culturas de cada região.

Nas diversas regiões do país há várias expressões idiomáticas que são chamados dialetos. Não há um motivo lingüístico para que se considerem essas formas superiores ou inferiores às outras. Cada região valoriza e pesquisa nos últimos tempos o que pode ser feito para diminuir preconceitos lingüísticos. No modo cultural, as expressões usadas por uma pessoa que têm acesso à escola e aos meios de instrução formal são bastante diferentes das expressões usadas pelas pessoas privadas das escolas. Essas pessoas privadas das escolas desenvolvem expressões para que o determinado grupo social as compreenda e as usem. Assim origina as gírias.

Veja algumas expressões idiomáticas e seus significados abaixo:

Amarrar a cara: Fechar a cara e ficar zangado;
Bafo de onça: Mau hálito;
Chorar de barriga cheia: Reclamar sem motivo;
Dar com a língua nos dentes: Contar um segredo;
Estômago de avestruz: aquele que come qualquer coisa;
Ficar de olho: Vigiar;
Lavar as mãos: Não dar mais opinião;
Molhar o biscoito: Transar
Pé na jaca: Cometer excessos;
Quebrar o galho: Improvisar;
Trocar as bolas: Confundir-se;
Uó: Pessoa, coisa ou lugar desagradável;

Por Gabriela Cabral
Equipe Brasil Escola

O Internetês e a Ortografia

Fonte: www.blogger.com/post-create.g?blogID=3718267583998566871


O internetês é a linguagem utilizada no meio virtual, mais precisamente nas salas de bate papo como orkut, messenger, blogs e outros. Como foi se tornando uma prática na vida de todos, as pessoas que utilizam esses serviços passaram a abreviar as palavras de forma que essas tornaram-se uma configuração padronizada.
É uma prática comum entre os adolescentes que, acostumados com a rapidez do mundo dos instantâneos e dos descartáveis, utilizam como meio de agilizar e dinamizar as conversas. Como se não bastasse, criaram os bichinhos e palavras que piscam o tempo todo, chamados gifs, para os bate-papos tornarem-se mais atrativos.


Figuras virtuais que caracterizam expressões

Porém, para a linguagem escrita, essa não é uma prática vantajosa. Além dos jovens terem pouco contato com o mundo dos livros, justamente por estarem mais ligados às novidades virtuais, vão perdendo as formas padrões da ortografia, que podem ficar comprometidas pela falta de contato com a grafia correta.

As escolas devem trabalhar muito quanto a esse aspecto, pois não podemos permitir que a escrita correta das línguas sejam destruídas diante das banalidades virtuais.

As famílias também devem colocar limites para os jovens, estimulando os mesmos a outras práticas de diversão, bem como estimulando-os à leitura de livros e revistas, adequados à idade dos mesmos.

Quando a criança ou o adolescente convivem com exemplos dos pais, dentro de casa, eles não resistem à leitura, e sabemos que este é um fator que enriquece o vocabulário, oportuniza o aprendizado da gramática bem como da ortografia, além dos prazeres proporcionados pela leitura.

A existência de algumas expressões fica registrada da seguinte forma: :D é uma risada, B) são óculos escuros, :( significa triste, :* é o beijo, :x caracteriza boca fechada, dentre várias outras.

Algumas palavras foram abreviadas de forma incorreta, comprometendo a ortografia como vc – você, blz – beleza, naum – não, cmg – comigo, neh – não é ou né, kd – cadê, etc.


Flw – falou, blza – beleza, kdê - cadê

Dessa forma tão esdrúxula de se escrever, costumamos nos deparar com textos escritos totalmente errados, que chocam as pessoas que preservam a forma padrão da escrita. A frase a seguir, encontrada na internet, é um exemplo disso: “naum eskreva feitu retardadu na net pq tem jenti lendu o q vc escrevi”.

Essa forma de escrita não facilita nada, pois torna-se muito mais difícil para quem já possui conhecimentos ortográficos de sua língua.

É bom lembrar que também não têm nada a ver com os acrônimos, siglas de palavras que foram universalmente estabelecidas, especialmente úteis nas telecomunicações, uma vez que permitem condensar várias palavras em poucas letras, como nos telegramas. Foram criados para serem utilizados mundialmente, de forma que não comprometessem a ortografia das línguas, o que não acontece com as abreviaturas do internetês.

Assim, é necessário buscar formas de fazer os jovens não levarem esses aprendizados para a escrita formal, pois esses ficarão prejudicados tanto na fase escolar como num futuro próximo de profissionalismo.

Por Jussara de Barros
Graduada em Pedagogia

Comunidades de Aprendizagem em EAD a partir do Modelo de Competências

www.blogger.com/post-create.g?blogID=3718267583998566871


Em Educação a Distância - EAD encontramos novos meios de fazer educação a partir dos recursos que estão dispostos para sua prática, ambientes cooperativos e colaborativos que se fazem necessários num espaço que requer interatividade como requisito para seu sucesso; também um tutorial que assume papéis diversos, os quais deverão ser norteados por um modelo de competências para o processo de construção do conhecimento, no que se refere suas potencialidades em todo percurso de efetivação de uma prática comprometida com um cenário real de sentimentos, emoções, atuações, contribuições, interações, diferenças, contextos.

Uma aprendizagem desconectada com o real, ou seja, a construção de um espaço sem significados no processo de construção do conhecimento poderá provocar perdas para aprendizagem, a partir da não constituição de comunidades de aprendizagem.

A falta de interatividade em rede provocará uma aprendizagem sem contexto, desarticulada em seu meio, no que se refere às intervenções reflexivas que se dão de maneira superficial, não situando os envolvidos no processo, o qual deveram assumir papel de protagonista. A aprendizagem acontecerá de forma desarticulada com as potencialidades que deveram aflorar num cenário, atual, que requer dinamismo na construção do conhecimento inviabilizando sua atuação enquanto ser de interações-modificações.

O planejamento a partir de um modelo de competências assume o compromisso com os envolvidos de forma que a contextualização as suas necessidades se faz presente na formação de um ser atuante em todo processo de construção de existência de sua atuação, enquanto sujeito protagonista de seu meio.

Ao contrário, o modelo estruturado se faz de forma desconectada com as reais necessidades dos sujeitos, público-alvo, em questão, no qual suas potencialidades surgem de forma desarticulada, em que competências e habilidades passam por despercebidas, logo pela falta de flexibilidade em sua elaboração, execução e controle.

Portanto, pensar em EAD a partir de um modelo de competências requer especialidade, logo o conceito de competências é complexo.

A articulação com as reais necessidades dos sujeitos envolvidos; o auto-respeito pelas diferenças, compartilhando vivências, as quais caracterizam-os; a valorização de uma formação norteada pela flexibilidade a partir de seu dinamismo, inerente ao meio em que se encontram, comprovam a utilidade de desenvolver uma prática por meio de competências na modalidade à distância.

Por Rodiney Marcelo
Colunista Brasil Escola
Fonte:http://www.brasilescola.com/educacao


EJA e ensino profissional

A Educação de Jovens e Adultos é uma modalidade de ensino cujo objetivo é permitir que pessoas adultas, que não tiveram a oportunidade de frequentar a escola na idade convencional, possam retomar seus estudos e recuperar o tempo perdido.

Oferecer a modalidade EJA nos dias de hoje requer um novo pensar acerca das políticas educacionais e das propostas de (re) inclusão desses educandos nas redes de educação pública do nosso país. O que se tem pensado até o momento é que o trabalho pedagógico desenvolvido neste seguimento de ensino deva ser de cunho eminentemente alfabetizatório. No entanto, alfabetizar é somente a primeira parte do processo. O que não se pode é pensar que só alfabetização poderá garantir desenvolvimento social deste educando.

Para uma pessoa adulta que retoma seus estudos, o desejo maior é o de se preparar para o trabalho, de ter autonomia e de se dar bem profissionalmente. A abordagem metodológica neste sentido não deve ser desenvolvida com os mesmos parâmetros utilizados para se trabalhar com crianças. Um aluno com idade de 30 anos, por exemplo, retomando os anos escolares correspondente ao 4º ano do ensino fundamental não se interessará por uma atividade caracterizadamente infantil. Daí a necessidade de abordar conteúdos equivalentes, mas com uma linguagem adulta e que vá ao encontro daquilo que esse público deseja.

A educação é o maior e melhor instrumento gestor de mudança, através dela o homem consegue compreender melhor a si mesmo e ao mundo em que vive, dessa forma, a própria educação deve ser a primeira a aceitar e a acompanhar o desenvolvimento e suas especificidades, ou seja, renovar e promover a interação com o novo.

O Brasil já deu um grande passo nas questões que se referem a alfabetização de jovens e adultos, embora continuamos dentro da escola dos países com maior taxa de analfabetos. E o problema, como já mencionado, é que o adulto que procura a escola não quer apenas aprender a ler e a escrever, ele quer e necessita é de atualização com o contexto social em que vive e faz parte.

A defasagem escolar é grande, segundo a Lei 9.394/96 art. 37 “a educação de jovens e adultos deverá articular-se, preferencialmente, com a educação profissional, na forma do regulamento”, dessa forma, e se realmente acontecesse o que está previsto em lei, teríamos muito mais jovens dentro das escolas. Em consequência do desemprego, a busca pelo ensino profissional e técnico aumentou significativamente. O jovem quer trabalhar, mas falta qualificação e oportunidades, principalmente a de concluir a educação básica e ter parcial domínio das novas tecnologias.

Exemplo dessa realidade pode ser vista nos cursos da modalidade PROEJA, do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia (IFGOIAS) da cidade de Goiânia, que no dia 27/04/2009 lançou 90 vagas para cursos desta modalidade. A procura é grande, a oferta é pequena, sem falar nos recursos utilizados para levar essa informação à população. A proposta é muito boa, mas falta mais dedicação, a maioria da população não fica nem sabendo da oportunidade, e os que ficam se deparam com a forte concorrência.

Em suma, o importante e que (re) pensemos nosso conceito de educação para jovens e adultos; fome de ler e vontade de aprender eles têm, só que de uma maneira mais ampla, característica de quem já tem experiência de vida, que necessita bem mais que a própria escrita e leitura convencional, necessita acima de tudo ler as entrelinhas impostas pela problemática de ser e estar plenamente exercendo a cidadania.

Por Giuliano Freitas
Graduado em Pedagogia
Equipe Brasil Escola

terça-feira, 4 de maio de 2010

Internet pode estar deixando os jovens mais antissociais

Segunda, 3 de maio de 2010, 14h02 Atualizada às 17h51

Fonte:
http://tecnologia.terra.com.br/interna/0,,OI4412050-EI4802,00

- "Ei, você é um cretino", diz sorrindo a menina ao garoto. "Só pra te informar."
- "Valeu!", responde o menino.
- "Brincadeirinha", diz a menina com outro sorriso. "Você é só um pouco cretino, mas, fora isso, você é bem normal, às vezes".
Ambos riem.
- "Vejo você amanhã", diz o garoto.
- "Beleza, até mais", diz a menina.

» Veja fotos
» Argentina: 11 mil alunos faltam às aulas convocados pelo Facebook
» Mensagem em garrafa é respondida 33 anos depois via Facebook
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Essa foi uma típica conversa pré-adolescente, familiar há gerações. Exceto por um toque distintivo de 2010: ela aconteceu no Facebook. Os sorrisos foram dois pontos e parênteses. As risadas foram digitadas como "haha". "Beleza" foi só um "blz" e "até mais" virou "t+".

As crianças costumavam conversar de verdade com seus amigos. Aquelas horas gastas ao telefone ou com os amigos do bairro depois da escola desapareceram há muito tempo. Mas, agora, mesmo conversar ao celular ou por e-mail (onde é possível pelo menos conversar em parágrafos) virou passado. Para os adolescentes e pré-adolescentes de hoje, as interações de amizade parecem ocorrer cada vez mais através das breves mensagens de texto do celular e dos chats virtuais, ou por meio de fóruns extremamente públicos nos murais do Facebook e do MySpace. (Andy Wilson, o garoto de 11 anos envolvido na brincadeira acima, tem 418 amigos no Facebook).

Na semana passada, o Pew Research Center descobriu que a metade dos adolescentes americanos - definidos pelo estudo como entre 12 e 17 anos - envia 50 ou mais mensagens de texto por dia e que um terço envia mais de 100 diariamente. Dois terços dos usuários sondados pelo Projeto Vida Americana do centro disseram preferir usar o celular para enviar SMS a fazer uma chamada telefônica. 50% disseram que mandam mensagens a seus amigos uma vez por dia, mas só 33% disseram conversar ao vivo diariamente.

As descobertas surgem poucos meses depois da Kaiser Family Foundation divulgar que os americanos entre oito e 18 anos passam em média sete horas e meia usando algum tipo de aparelho eletrônico, seja smartphone, MP3 player ou computador - um número que impressionou muitos adultos, mesmo aqueles que sempre mantêm à mão seu BlackBerry.

Até agora, boa parte da preocupação a respeito do uso da tecnologia se voltou para as implicações no desenvolvimento intelectual da criança. A preocupação sobre a repercussão social se concentrou no lado sombrio das interações online, como o ciberbullying e mensagens de texto sexualmente explícitas. Mas psicólogos e especialistas começam a analisar um fenômeno menos sensacionalista embora provavelmente mais profundo: estará a tecnologia mudando a própria natureza da amizade infantil?

"Em geral, as preocupações sobre ciberbullying e SMS sexuais ofuscaram a análise de coisas realmente mais sutis sobre a forma pela qual a tecnologia está afetando as propriedades de proximidade da amizade", disse Jeffrey G. Parker, professor associado de psicologia da Universidade do Alabama, que estuda a amizade entre crianças desde os anos 1980. "Estamos apenas começando a observar essas mudanças sutis".

A pergunta na cabeça dos pesquisadores é se o SMS, a mensagem instantânea e as interações sociais online permitem que as crianças se tornem mais ligadas e solidárias a seus amigos - ou se a qualidade de sua interação diminui sem as trocas emocionais e a intimidade dos longos encontros presenciais.

Ainda é muito cedo para saber a resposta. Ao escreverem na The Future of Children, publicação produzida pela Instituição Brookings e o Centro Woodrow Wilson da Universidade Princeton, os psicólogos Kaveri Subrahmanyam e Patricia M. Greenfield - respectivamente, da Universidade Estadual da Califórnia e da Universidade da Califórnia, ambas em Los Angeles - observaram:

"A evidência qualitativa inicial é que a facilidade das comunicações eletrônicas pode estar diminuindo o interesse de adolescentes na comunicação presencial com seus amigos. Mais pesquisas são necessárias para avaliar a amplitude desse fenômeno e seu impacto na qualidade emocional de um relacionamento".

Mas a questão é importante, segundo aqueles que estudam relacionamentos, porque amizades próximas na infância ajudam a criança a desenvolver confiança em pessoas fora de sua família e, consequentemente, ajudam a preparar o terreno para relacionamentos saudáveis na vida adulta.

"Não podemos permitir que relacionamentos próximos e positivos definhem. Eles são essenciais para que as crianças desenvolvam confiança e lidem com suas emoções, expressem emoções, todas as funções de apoio necessárias num relacionamento adulto", disse Parker.

"Essas são coisas que discutimos sempre", disse Lori Evans, psicóloga do Centro de Estudo da Criança da Universidade de Nova York. "Ainda não temos um corpo robusto de pesquisas para confirmar o que suspeitamos estar acontecendo clinicamente".

O que ela e muitos outros envolvidos no trabalho com crianças observam são interações muito mais superficiais e públicas que as do passado.

"Quando éramos mais jovens, passávamos horas ao telefone com uma pessoa", disse Evans. Hoje, as mensagens instantâneas são frequentemente um bate-papo em grupo. Além disso, afirma ela, "o Facebook não é uma conversa".

Uma das preocupações é que, diferente de muitos de seus pais - que se lembram de intensos relacionamentos com amigos íntimos com quem passavam tempo e compartilhavam segredos durante a infância -, os jovens de hoje podem estar perdendo experiências que os ajudariam a desenvolver empatia, a compreender nuanças emocionais e a ler sinais sociais como expressões faciais e linguagem corporal.

Com as obsessões técnicas da criança começando cada vez mais cedo - até alunos do jardim de infância brincam com laptops no recreio -, seus cérebros podem acabar sendo reprogramados, perdendo tais capacidades, acreditam alguns pesquisadores.

Gary Small, neurocientista e professor de psiquiatria da UCLA e autor de iBrain: Surviving the Technological Alteration of the Modern Mind, acredita que os chamados "nativos digitais", um termo que designa a geração que cresceu usando computadores, já têm dificuldade de ler sinais sociais.

"Embora os jovens nativos digitais sejam muito bons em habilidades técnicas, eles são fracos em habilidades de contato humano presencial", disse.

Outros estudiosos de amizade argumentam que a tecnologia está aproximando as crianças mais do que nunca. Elizabeth Harley-Brewer, autora de um livro lançado no ano passado chamado Making Friends: A Guide to Understanding and Nurturing Your Child's Friendships, acredita que a tecnologia permite que as crianças fiquem conectadas o dia inteiro aos seus amigos. "Creio ser possível dizer que a mídia eletrônica está ajudando as crianças a ficarem muito mais em contato e por períodos mais longos".

Alguns pais concordam. Beth Cafferty, professora colegial de espanhol em Hasbrouck Heights (Nova Jersey), estima em centenas a quantidade de mensagens de texto que sua filha de 15 anos envia por dia.

"Acredito mesmo que eles estejam mais próximos por estarem mais em contato uns com os outros - qualquer coisa que vier à mente, eles mandam um SMS imediatamente", disse.

Mas Laura Shumaker, mãe de três no subúrbio de Bay Area, percebeu que seu filho de 17 anos, John, "fica tanto tempo com amigos no Facebook que se tornou mais retraído e arisco em interações cara a cara".

Recentemente, quando ele mencionou que era o aniversário de um amigo, ela disse: "Ótimo, você vai ligar para ele e desejar feliz aniversário?" E ele respondeu: "Não, vou escrever no mural dele" - a área do Facebook onde amigos podem postar mensagens que outros podem ver. Shumaker disse que, desde então, passou a encorajar o filho a se envolver em mais atividades de grupo depois da escola, ficando feliz por ele ter se juntado a um grupo de canto.

Para algumas crianças, a tecnologia é um mero facilitador para uma vida social ativa. Numa sexta-feira recente em Manhattan, Hannah Kliot, 15, aluna do nono ano que conta 1.150 amigos no Facebook, enviou uma série de mensagens depois da escola, fazendo planos para encontrar alguns amigos mais tarde em uma festa. No dia seguinte, ela jogou duas partidas de softbol, mandando SMS nos intervalos e entre os jogos, pois planejava ir a um show no próximo final de semana.

Hannah afirma depender do SMS para fazer planos e contar coisas que ela considera engraçadas ou interessantes. Mas ela também usa as mensagens para checar se alguma amiga está chateada com alguma coisa - nesses casos, ela depois continua com uma conversa real.

"Eu com certeza converso, mas acho que a nova forma de realmente conversar com alguém é o chat com vídeo, porque aí você está vendo mesmo a outra pessoa", disse. "Eu com certeza faço ligações telefônicas uma vez ou outra, mas isso é considerado meio antiquado".

A mãe de Hannah, Joana Vicente, que já enviou mensagens a seus filhos de sua cama após as 23h mandando-os sair da internet, às vezes se impressiona com a maneira pela qual Hannah e seu irmão de 14 anos, Anton, se comunicam. "Às vezes eles têm cinco conversas acontecendo ao mesmo tempo" por mensagens instantâneas, SMS ou vídeo. "Minha filha passa de uma para outra à velocidade da luz. Eu penso, 'meu Deus, isso é uma conversa?'"

Alguns pesquisadores acreditam que a natureza impessoal da mensagem de texto e da comunicação online pode facilitar que crianças tímidas se relacionem com outros. Robert Wilson é pai de Andy Wilson, 11, o aluno da sexta série de Atlanta que foi cordialmente zombado no Facebook. (Wilson citou a conversa para ilustrar a natureza inócua e geralmente "brincalhona" da maioria das interações de seu filho no Facebook).

Andy é bem atlético e sociável, mas seu irmão, Evan, 14, é mais tímido e introvertido. Depois de ver Andy se conectar com tanta gente diferente no Facebook, Wilson sugeriu a Evan que criasse uma conta para experimentar. No dia seguinte, ele teve o prazer de encontrar Evan conversando pelo Facebook com uma garota de sua antiga escola.

"Acredito que o Facebook na maior parte foi benéfico para meus filhos", disse Wilson. "No caso de Evan, a primeira razão é ajudá-lo a sair de sua concha e desenvolver habilidades sociais que não desenvolvia por ser tão tímido. Não dá para empurrá-lo para fora de casa e dizer 'Encontre alguém'".

Tradução: Amy Traduções